La Puta que Habla

La Puta que Habla

O que se faz quando as palavras se tornam mais fortes que todo o resto, e você já não consegue mais falar de si apenas através de imagens?

Vai uma dica de leitura?

Bumbum deliciosamente empinado, seios fartos e firmes, cinturinha boa de apertar e a boca… ah, a boca.. aquele oral intenso, prolongadíssimo, molhado na medida certa, a voz grave, a fala tranquila e pausada, as palavras afiadíssimas – e novamente elas, as palavras, se impõem entre nós.

Amara Moira, quando contei dessa minha ideia maluca de juntar tudo o que me interessa ser e fazer dentro do mesmo site, me diz: “olha, talvez essas coisas não possam se misturar, quem sabe você não inventa outro nome e começa tudo de novo?”

Sábio conselho de amiga.

Mas não consegui: não sei mais ser só um rabinho saltitante em busca de clientes superficiais mas que pagam bem (talvez nem queira mais ser: quero bom papo e conteúdo nos homens com quem eu saio, mesmo que sejam eles que me paguem e não o contrário).

Também nunca soube, nem quando mais jovem, vender a ilusão da mulher bobinha ou da universitária à procura de um daddy que possa lhe dar aquele apoio financeiro básico – do tipo inteligente mas nunca a ponto de parecer ameaçadora, independente mas sempre muito dócil.

“A amante ideal, na medida exata dos seus melhores sonhos.”

Eu sempre soube que me fazer de sonsa poderia me garantir estabilidade, mas isso pra mim sempre foi uma impossibilidade, uma habilidade não adquirida.

E agora?

Primeiro livro publicado, sucesso relativo de vendas, entrevistas e matérias me citando em várias mídias. Conseguiria mesmo me esconder sob trocentos outros nombres de clandestinidad? Talvez. Mas pra que tanto, se vou continuar não sabendo me fazer de boba pra passar bem?

Agora, quem me lê decide: prefere o lugar comum, a mulher atualizadíssima que assiste e fala de todas as novelas, séries e Big Brother no pós sexo, que conhece todas as músicas em alta no TikTok e ama uma balada sertaneja ou topa conhecer um mulherão no sentido mais amplo do termo?

​Fica a critério de cada um.

Fica a teu critério.

Você sabe: enquanto escrevo e conto tudo isso, também eu te escolho. A puta que escolhe.

Você não é qualquer um e eu sei disso, mas tampouco eu sou qualquer uma. Eu sei quem sou. E particularmente, se me fosse dada a possibilidade de escolher, não me trocaria por nenhuma outra dessas que decoram a música da moda, que rebolam bonitinho, e que, bom, você sabe: pode apresentar pra mãe sem passar vergonha. Mas – puta que pariu! – eu gosto muito de ser essa mulher que eu sou, tenha ela o nome que tiver. Gosto de conversar em pé de igualdade. Admiro homens que se permitem. E que gostam de bons vinhos sem JAMAIS dispensar o ótimo sexo como complemento.

Compartilhe:

MoniquePrada

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *